sábado, 5 de julho de 2008

Fadista, Vocalista de Fados ou Artista de Variedades?

Houve quem entendesse que fadista era um termo demasiadamente pejorativo, porque, conforme as épocas, assim eram mais ou menos caracterizados os indivíduos, homens ou mulheres, que "batiam o fado"mesmo que não soubessem cantar, dedilhar guitarra ou tocar viola.

Segundo os preconceitos da época; poderia ser fadista todo aquele que, frequentando "antros de má fé", encomendava versos ou músicas e, muitas vezes, sabia com habilidade mestra manejar uma navalha...

Preconceitos muito ligados, talvez a uma cultura religiosa, de costumes conservadores, com a separação da música sacra da profana, fez com que o fado não fosse actividade artística considerada de muitas virtudes.

Andaríamos, assim, por uma época após as guerras liberais, em finais da primeira metade do Sec. XIX.

A preocupação de definir o fadista como cantor, porque era hábito chamá-los cantadores, apareceu com a necessidade de integrar o fadista na classe dos músicos.

Havendo músicos instrumentistas , aqueles que tocam qualquer instrumento musical, lógico seria que, aqueles que que executam ou interpretam música vocal, fossem considerados vocalistas e daí o termo "vocalista de fados".

Os sindicatos do sector dos espectáculos optaram por esta classificação, "vocalista de fados" a fim de integrar os fadistas no mundo do espectáculo com dignidade profissional a um nível de igualdade de oportunidades na contratação colectiva.
Havia quem, ,julgando que a classificação de "artista de variedades" era mais chique preferiam esta, mas estavam bem enganados porque poderia ser artista de variedades um simples "animador de pista" ou como é vulgar dizer-se, um "faz tudo", com todo o respeito que nos merecem estes extraordinários artistas.
Hoje em dia, a terminologia "fadista" adquiriu um estatuto social de elevado significado e relevo no mundo das artes e do espectáculo tanto a nível nacional como a nível internacional.
Passemos a chamar fadistas aos nossos intérpretes de Fado, com honra e dignidade, que partilham a nossa cultura e a divulgam com qualidade.
J.Fernandes(Dirigente do Sindicato dos Músicos de 1992 a 1997)

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