Houve quem entendesse que fadista era um termo demasiadamente pejorativo, porque, conforme as épocas, assim eram mais ou menos caracterizados os indivíduos, homens ou mulheres, que "batiam o fado"mesmo que não soubessem cantar, dedilhar guitarra ou tocar viola.
Segundo os preconceitos da época; poderia ser fadista todo aquele que, frequentando "antros de má fé", encomendava versos ou músicas e, muitas vezes, sabia com habilidade mestra manejar uma navalha...
Preconceitos muito ligados, talvez a uma cultura religiosa, de costumes conservadores, com a separação da música sacra da profana, fez com que o fado não fosse actividade artística considerada de muitas virtudes.
Andaríamos, assim, por uma época após as guerras liberais, em finais da primeira metade do Sec. XIX.
A preocupação de definir o fadista como cantor, porque era hábito chamá-los cantadores, apareceu com a necessidade de integrar o fadista na classe dos músicos.
Havendo músicos instrumentistas , aqueles que tocam qualquer instrumento musical, lógico seria que, aqueles que que executam ou interpretam música vocal, fossem considerados vocalistas e daí o termo "vocalista de fados".
Os sindicatos do sector dos espectáculos optaram por esta classificação, "vocalista de fados" a fim de integrar os fadistas no mundo do espectáculo com dignidade profissional a um nível de igualdade de oportunidades na contratação colectiva.
Havia quem, ,julgando que a classificação de "artista de variedades" era mais chique preferiam esta, mas estavam bem enganados porque poderia ser artista de variedades um simples "animador de pista" ou como é vulgar dizer-se, um "faz tudo", com todo o respeito que nos merecem estes extraordinários artistas.
Hoje em dia, a terminologia "fadista" adquiriu um estatuto social de elevado significado e relevo no mundo das artes e do espectáculo tanto a nível nacional como a nível internacional.
Passemos a chamar fadistas aos nossos intérpretes de Fado, com honra e dignidade, que partilham a nossa cultura e a divulgam com qualidade.
J.Fernandes(Dirigente do Sindicato dos Músicos de 1992 a 1997)
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