Concordo plenamente, que o «Fado tem sangue novo...a norte» pois é já um dado adquirido que a "triste canção do sul" foi, em grande parte, desenvolvida e divulgada por intérpretes nortenhos, designadamente do Porto e de Braga, além de outras localidades, e que para tal, sabendo-se que a cultura popular surgiu nas tabernas, visto que o fado era uma música «profana», estas foram, verdadeiramente, as «escolas» dos fadistas.
A fonte não está esgotada!
A descrição de que os retiros fadistas em Braga eram a «Casa da velha», no Bom Jesus e o «Cantinho do Fado» junto à Sé, revela pouco ou nenhum conhecimento da actividade fadista na cidade, principalmente de 1950 a 1958.
Efectivamente existiu uma taberna, casa de pasto, na Rua Conselheiro Bento Miguel, S.Vicente,em frente ao Pachancho, e antes do «Bacalhau à Narcisa», "O CHARQUEIRINHO", onde periodicamente se realizavam interessantes tardes e noites de Fado, onde jovens e menos jovens cantavam extraordinárias letras do fado lírico, também fado de contestação e panfletário, visto que era uma zona operária onde havia exploração e repressão política.
Curiosamente, um dos filhos dos proprietários, com doze anos de idade, começou a tocar guitarra tendo, mais tarde, gravado o primeiro disco, para a Rainha do Fado, 1972 em Moçambique (Eulália Duarte), tocou em aproximadamente 90 % das casas típicas de Lisboa, no 24º Festival da Canção RTP, no Funchal, foi ao Festival da Eurovisão de 1987, em Bruxelas, actuou dois anos no Musical Amália, no Teatro de Grenoble, numa obra de António Tabucci, e em diversos espectáculos, no Pais e no estrangeiro.
É realmente triste quando o «arrivismo» ignora factos históricos e vota ao ostracismo quem fez algo pelo Fado na sua terra natal.
Poderemos concluir, como diz o título do filme: «A Oeste nada de novo»...
J.B.